segunda-feira, 25 de julho de 2011

Serviço Social na Saúde


O Serviço Social é uma profissão que, como outras, está em constante processo de construção e reconstrução. Se, em sua gênese, seu viés era puramente assistencialista e representado pelas famosas “damas de caridade”, hoje o Serviço Social busca ter um olhar crítico da sociedade e contribuir para uma mudança societária pela garantia de direitos e justiça social. A profissão mudou e seus ambientes de trabalho também.

O Serviço Social não é mais profissão a ser exercida no espaço religioso, de caridade. Os profissionais são trabalhadores que podem atuar nas mais diversas áreas, assistência, saúde, educação, segurança e até meio ambiente. Mas o interesse aqui é debater um pouco sobre o Serviço Social na área da Saúde.

Primeiramente, é necessário ressaltar que a Constituição de 1988 legitima a saúde como direito de todos e impõe o SUS – Sistema Único de Saúde. Assim, o Serviço Social é chamado para as mais diversas funções nessa área, onde podemos citar:



Administração do Serviço Social: Coordenar, chefiar e supervisionar as atividades do Serviço Social.





Assessoramento: O Assistente Social pode prestar assessoria técnica na elaboração de planos, programas e projetos junto à direção, às chefias, equipes multiprofissionais, instituições e população usuária. O assessoramento é pouco utilizado pelo Serviço Social





Intervenção Social: É uma função ampla, articula-se com as demais funções. É a ação propriamente dita, especifica do Serviço Social. Vai garantir a ação do mesmo dentro dos objetivos propostos pelos profissionais, permitindo o atendimento da população usuária, quer a nível individual, grupas ou comunitária, em consonância com as suas atribuições especificas.





Pesquisa Social: Busca promover o levantamento de dados relacionados com os aspectos sociais, verificar a eficácia da ação profissional, identificar e conhecer a realidade social. Essa função é pouco utilizada Através desta função o Assistente Social pode propor novas medidas de intervenção.



Ensino Supervisão: O profissional precisa estar sempre atualizando-se, capacitando-se, não podendo ficar estagnado na instituição. O Assistente Social precisa proporcionar aos estudantes de Serviço Social condições de aprendizagem de acordo com as possibilidades da unidade, tendo em vista as exigências curriculares e as disposições institucionais, participar de treinamentos com profissionais de outras áreas.



Ação Comunitária: Propiciar a participação em vários níveis da comunidade a serem trabalhadas de modo a fornecer o desencadeamento do processo de desenvolvimento da comunidade Assistencial: Prestação de serviços concretos visando a solução de problemas imediatos, apresentados pela população usuária dentro dos recursos e créditos institucionais e/ou através de encaminhamentos a recursos da própria instituição.



Educação Social: Função importante, porém esquecida. Busca o engajamento do usuário no seu processo saúde-doença, com o objetivo de reforçar ou substituir hábitos. Pode ser a nível individual ou grupal.





Assim, o assistente social tem múltiplas possibilidades na área da saúde, trabalhando sempre com apoio de outros técnicos e buscando fortalecer o serviço comunitário e de prevenção às doenças.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Assistente Social…somos demais!!!!


Assistente Social Não passeia, realiza visita Institucional.
Assistente Social Não faz barulho, realiza Mobilização.
Assistente Social Não conversa em vão, realiza Atendimento Social.
Assistente Social Não escreve cartas, escreve encaminhamentos.
Assistente Social Não se senta para bater papo, senta para reunião de equipe.
Assistente Social Não vai a casa de amigos, realiza visita domiciliar.
Assistente Social Não brinca, realiza dinâmica de grupo.
Assistente Social Não separa brigas, realiza mediação de conflitos.
Assistente Social Não liga, faz contato institucional.
Assistente Social Não dá ou doa nada, concede benefícios.
Assistente Social Não sufoca ninguém, realiza supervisão de serviço.
Assistente Social Não monta panelinhas, articula aliados.
Assistente Social Não tem “pré-conceitos”, faz diagnóstico social.
Assistente Social Não segue ou persegue ninguém, realiza monitoramento.
Assistente Social Não preenche tabelas, realiza estatísticas.
Assistente Social Não escreve textos, escreve artigos científicos e relatórios.
Assistente Social Não fofoca com colegas de outras áreas, realiza multidisciplinariedade!!
Autor Desconhecido

sábado, 2 de julho de 2011

Assistente Social , a Ética e o “Burnout”
Segundo Freudenberger (psicanalista nova-iorquino), a síndrome de Burnout (do inglês to burn out, queimar por completo), também chamada de síndrome do esgotamento profissional, foi constatada pelo próprio, no início dos anos 1970. A dedicação exagerada à actividade profissional é uma característica marcante de Burnout, mas não a única. O desejo de ser o melhor demonstrando sempre um alto nível desempenho é outra fase importante da síndrome: o portador de Burnout mede a auto-estima pela sua capacidade de realização e sucesso profissional, se dai advierem vantagens para a sociedade, até vale a pena o esforço muitas vezes fora dos limites do que é supostamente real.
O que tem início com satisfação e prazer termina muitas vezes quando o cumprimento das funções do assistente social não é reconhecido pela sociedade ou pior ainda, pelos parceiros. Muitas vezes sentimos a necessidade de nos afirmarmos, sentimos um desejo de realização profissional se transforma em relutância e constrangimento.
A procura de soluções e o impedimento provocado pelo que é concepcional por parte da sociedade é muitas vezes a principal dificuldade do profissional de serviço social, adoptando atitudes irracionais para com o sujeito alvo do seu trabalho, prejudicando muitas vezes as soluções fáceis.
Quando criamos respostas, não só coesas mas sustentadas e mais tarde deparamo-nos com os obstáculos criados por outras profissões que julgam possuir a pluralidade das competências profissionais ainda mais difícil se torna colocar em prática as metodologias apreendidas pela empiria do trabalho diário do assistente social.
É triste quando pela experiencia de caso, sabemos que a corrupção e as cantigas de mal dizer se sobrepõem a uma solução de fácil acesso ao sujeito referenciado e aqui, que diabos onde está a tal ética profissional, a confidencialidade, a conduta e a deontologia? Perderam-se à muito no tempo.
É difícil o trabalho social quando outros profissionais na base da difamação ou preocupação em perder o protagonismo sem trabalho inventam ou bloqueiam o trabalho do assistente social. Não existe paciência que aguente pelo facto de outras competências profissionais que se preocupam mais com a sua imagem sem nada darem em troca pela sociedade, desrespeitando a confidencialidade dos seus utentes, colocando o seu nome acima da ajuda profissional que devem dar ao sujeito que os procura.
É preocupante a ausência de valores, quase inexistente para não dizer que se extinguiu por completo, não me venham dizer que o burnout apenas se observa pelo excesso de trabalho, não! Também quando uma profissão é “expulsa” por outras que se julgam com o conhecimento supremo para substituir o assistente social, claro que entramos em burnout e quem não se sente não é filho de boa gente.

Ordem é preciso ordem e já!
Vitor Bento Munhão

A maldição de Mary Richmond

“Não sou freira nem sou puta”
Rita Lee
Não é de se estranhar que o curso de Serviço Social seja hegemonicamente feminino. No entanto tal fato não é natural, não é por acaso, a relação entre o Serviço Social e o gênero é cultural. Um breve olhar sobre o processo histórico do qual o Serviço Social passou de trabalho assistencialista à profissão reconhecida, nos permite observar que este esteve durante muito tempo ligado à igreja, e as damas de caridade, seu viés era o de cuidar dos mais necessitados. Ainda hoje a função do cuidar do Serviço Social povoa simbolicamente a imaginação das pessoas.
Quanto a nós mulheres, historicamente o lugar que nos foi dado na sociedade foi o âmbito privado, o ambiente doméstico. Dessa forma nosso papel na família patriarcal é o de dona de casa, cuidadora dos filhos e dos afazeres domésticos, enquanto que o homem é o provedor. Nesta ótica nossa condição é de tutelada, propriedade daquele que nos sustenta. Esse papel atribuído à mulher lhe cobra “virtudes” de obediência, resignação, delicadeza, e por ai vai. Nos ensinam a ser mulher, como afirma Simone de Beauvoir, na sua célebre obra, O Segundo Sexo, “não nascemos mulheres, nos tornamos mulheres”.
Durante séculos nós mulheres, estivemos a margem da produção científica, da vida política, das instâncias decisórias da sociedade. Inicialmente por muita pressão de mulheres pioneiras, e apoio de homens progressistas as portas começaram a ser abertas, e mais tarde através da organização dos movimentos feministas e de mulheres, o relativo avanço que vivenciamos hoje foi se desenhando. Nos deixavam estudar, mas desde que mantivéssemos viva nossa “mística feminina”, resguardando nossas virtudes, aos poucos éramos professoras, enfermeiras, aquelas que educavam, que cuidavam.
Podíamos estudar, desde que após concluir os estudos casássemos. Uma boa ilustração é o filme O sorriso de Monalisa, entre as várias disciplinas que as moças de um colégio feminino aprendiam, se incluíam boas maneiras, disciplinando-as para cuidar de um lar e como se comportar diante do seu marido, para sempre agradá-lo. Os arquétipos de mulheres na metade do século XX eram: dona de casa, freira e prostituta.
Por isso não é de se estranhar também, a postura de Mary Richmond, nome de grande expressão do Serviço Social americano, em decidir não se casar, porém sua postura em nada significa uma atitude de emancipação feminina, ela propunha que toda assistente social não deveria casar, deveria sim dedicar sua vida ao social, uma espécie de pacto, muito similar à postura das freiras. Porém, pior do que a proposta de Mary Richmond é uma suposta lenda que paira o curso de Serviço Social, uma brincadeira com forte teor machista: A MALDIÇÃO DE MARY RICHMOND. Que diz: aquela que não casar até a formatura, não casará mais.
Respeito às putas, que fazem do seu corpo a matéria de seu sustento. Respeito às freiras que escolheram casar com a igreja. Respeito àquelas mulheres que casam, criam seus filhos, e admiro entre elas, as que tentam dar uma educação transformadora a seus filhos. Às que nem por estarem casadas deixam de trabalhar para compor o sustento da casa, e ainda mais àquelas que sozinhas assumem o papel de chefe do lar contrariando postulados científicos e religiosos que nos taxaram de incapazes. Respeito às mulheres que optaram por viver sem marido, ou por não ter filhos. E àquelas que optaram por viver com outras mulheres. Hoje podemos minimamente escolher, isso é um fato, é uma conquista dos movimentos feministas.
Por isso, que tanta revolta me causa ao ouvir, ainda que em tom de brincadeira, a Maldição de Mary Richmond. Pois soa, como se este padrão de vida burguês, de mulher exclusiva dona de casa, ou aquela que tem dupla jornada por que o marido se recusa a dividir com ela a responsabilidade da educação dos filhos e das tarefas domésticas, é o idealizado pelas mulheres do Serviço Social.